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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Como é bom ser vida louca

                    

       Tenho visto ultimamente inúmeros adolescentes gritarem em alto e bom som a expressão acima, exaltando crime, desrespeito e rebeldia como troféus dos quais alguém pode se orgulhar. A respeito disso, gostaria de fazer algumas observações: Vida louca, meu irmão, é o cara acordar às 6 da manhã, tomar um café sem pão (o único que resta será dividido entre os irmãos menores), ir pra escola a pé (porque o dinheiro da passagem é usado pra comprar a pouca comida que tem em casa), quase não assistir televisão, pois na casa só tem uma, na sala, que sempre é dominada pela vontade da maioria, não ter internet, nem roupa de marca e, ainda assim, ser o melhor aluno da turma e o melhor amigo que alguém pode ter.
     Vida louca, "brother", é ter todo luxo, conforto e apoio da família e aproveitar cada oportunidade que o dinheiro proporciona de viver bem, de amadurecer e se desenvolver intelectualmente, mais do que uma grande maioria nesse país. Vida louca, meu amigo, é ter que parar de estudar aos 15 e começar a trabalhar aos 16 e, ainda assim, retornar aos estudos à noite, porque tem garra e gana de buscar um futuro melhor. Vida louca é não ter pai, não ter mãe, não ter afeto nem referências e, ainda assim, acreditar que a vida pode ser diferente quando se quer.
Vida louca é o oposto de usar droga por modismo, desrespeitar as pessoas por falta de caráter e ser rebelde, sem nem saber o que significa rebeldia. Vida louca, pra mim, é o cara que aproveita as oportunidades de ser melhor a cada dia, vivendo suas histórias, sendo livre (não confundido liberdade com libertinagem), independente da classe social. Aquele que aprendeu que a melhor rebeldia que se pode ter é ser exatamente o contrário daquilo que o sistema espera de você (comodismo, apatia e conformismo). Correr atrás dos objetivos, batalhar pela realidade, isso pra mim é Vida louca. O resto, no meu humilde ponto de vista, tem um outro nome: Vida Burra!    


Tatiana Lackmann 
Professora
Carta do leitor(publicado em um jornal local) 

Escreva uma carta dando sua opinião sobre determinado assunto.

Resenha

                               
Que memórias um cabo de vassoura poderia ter?

     Orígenes Lessa, no livro “Memórias de um cabo de vassoura”, escreve uma narrativa, onde o narrador-personagem é um cabo de vassoura que ao decorrer do livro conta sua trajetória desde que o arrancaram de uma árvore até sua trágica incursão no mundo dos homens. O personagem que conta a história, um dia abatido por um machado, deixou de ser árvore. Foi transformado e passou a viver no mundo dos homens.  A narrativa irônica, dinâmica e engraçada prende a atenção do leitor que, pela voz do  protagonista, é levado a repensar questões essenciais da natureza humana, bem como a construção de uma sociedade mais justa e mais solidária.



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Escreva uma resenha (de algum livro ou filme)

Memórias de um cabo de vassoura

                                          Orígenes Lessa

          Destino de quem foi árvore ou galho é dureza...
      Os homens que nos utilizam e nos utilizaram, desde o começo dos tempos, cortando, serrando, aplainando, enfiando pregos, são de uma insensibilidade impressionante. Pensam que madeira não tem alma. Classificam-nos entre as coisas “inanimadas”. Os seres animados são eles. Eles e os bichos. E quando falo bichos, digo desde o leão, que é nobre e valente, o tigre, que é ligeiro e feroz, a águia, que domina os céus, até a cobra traiçoeira, covarde e venenosa, que se arrasta no chão, e mesmo a miseriazinhas insignificantes como a pulga, sugadora de sangue humano em casa onde não há limpeza e DDT, e ao cupim, que destrói a madeira, principalmente a de natureza mais frágil, como é o meu caso, que não sou carvalho nem jacarandá, sou apenas pinho. Para o nosso grande inimigo (o homem, não o cupim), nós não passamos de “coisa”. Que pode ser aproveitada de mil modos, sempre para satisfazer exclusivamente ao seu egoísmo e aos seus interesses imediatos, com uma indiferença total pelo que possamos sentir. Nunca passou pela cabeça desses monstros o que pode passar pela cabeça de uma árvore, ou pelo coração, quando um homem se aproxima de machado em punho.
      Pior, porém, do que machado, serrote e prego, destino trágico e sem conserto, é a madeira que o bicho-homem utiliza apenas como lenha.
     Destino de lenha é fogo!
     Esquecido esse negócio de prego e maus-tratos que sofremos ao longo da  vida, claro que há muita coisa bonita no destino da gente.
     Ser barco, deslizando à flor das águas...
     Ser mastro de navio...
     Ser pau de bandeira, o pessoal batendo continência...
    Ser portal de palácio, ser porta de igreja, ser altar bem trabalhado (a preparação é dura, mas    o resultado compensa), ser móvel de luxo, ser berço de criança, acabar escultura são coisas que nos consolam de qualquer sofrimento: serrote, serra mecânica, entalhe de pancadas cruéis...         
    Eu tive um colega (colega em madeira, não na profissão) que viajou muito. Esteve em Congonhas do Campo. Conheceu um santo, não de pedra-sabão nem de mármore, mas de madeira. Vocês precisavam ver o orgulho com que ele dizia:
    – Eu fui esculpido pelo Aleijadinho... Vem gente me conhecer de todos os cantos da Terra...
    Claro que essa conversa só nós entendemos. Nossos temores e alegrias escapam aos homens, insensíveis, por natureza, às nossas mais íntimas reações. Que são como as dos homens, as mais diversas. Como entre os homens, há madeira para tudo. Há madeira cujo sonho é ser cadeira, por exemplo. (...) Mas há madeira que preferia até ser lenha a ser cano de espingarda, por exemplo.



1-Pesquise quem foi Aleijadinho



2-Procure  os significados das palavras sublinhadas



3-Conte com suas palavras como se sentia o personagem sendo um  cabo de vassoura.




4-Monte, com as palavras do glossário, um jogo de caça-palavras ou  palavras cruzadas.





Bicho homem

     Um cachorro Vira-Lata, personagem criado por Orígenes Lessa, fala-nos no texto da violência humana. Para ele, o homem é o bicho mais feroz.

       
       Nunca vi bicho mais feroz do que o homem, animal que vive armado. Alguém já viu um cachorro de faca, de metralhadora ou de bomba? O cão, quando luta, sempre em legítima defesa, ou na defesa de seus amigos humanos, é na garra, é no dente.  O homem, pouco confiado nos seus braços e dentes (a maior parte usa dentadura), inventou os meios mais terríveis de destruição. Nem gosto de falar. Tive um amiguinho japonês (cachorro, bem entendido) que contava de duas cidades de seu país completamente destruídas por uma  tal de bomba atômica.Trabalho de americano... Gente que dizem gostar muito de cachorro... Morreu gente e cachorro, naquelas explosões, de dar pena. Os homens se destroem de maneira espantosa e às vezes curiosa. Quando um mata um, é preso. Fazem discursos, falam muito, o assassino, conforme o caso, é condenado. Quando mata uma porção, ganha medalha. Torna-se herói. São as tais de guerras, que duram tempos sem fim. Sempre na base de instrumentos poderosos de destruição. Nós raramente temos guerras, mas é sempre na base leal do corpo a corpo, do dente a dente. É muito mais nobre.

(Orígenes Lessa,”Confissões de um Vira-Lata”)

O texto se inicia com uma afirmação do narrador.

a) A respeito de quem ele fala? _________________________________________________________ 
b) O que ele afirma? _________________________________________________________

c) Quais são as armas que o cão usa para se defender? 

d) O homem, ao contrário, usa dentaduras. Que dentaduras seriam essas a que o narrador se refere? 

e) Por que, segundo o narrador, o homem utiliza as armas? 


2. O narrador conclui que a luta entre os cães é “muito mais nobre” do que entre os homens. Por quê?  

3. Assinale a frase que transmite a informação básica do texto:

a. () “Os homens se destroem de maneira espantosa e às vezes curiosa.”

b. () “Alguém já viu um cachorro de faca, de metralhadora ou de bomba?”

c. () “Nunca vi bicho mais feroz do que o homem, animal que vive armado.”

d. () “O homem, pouco confiado nos seus braços e dentes (a maior parte usa dentadura), inventou osmeios mais terríveis de destruição.”

e. () ”Nós raramente temos guerras, mas é sempre na base leal do corpo a corpo, do dente a dente. Émuito mais nobre.”


4. O narrador do texto O bicho-Homem afirma que o homem é o bicho mais feroz. Você concorda com ele?
Escreva um texto argumentando a respeito dessa afirmativa